De mãos dadas com a filha Constança, a ex-mulher de Paco Bandeira quebrou o silêncio, ontem, à saída do Tribunal de Oeiras. Visivelmente abatida, lamentou 12 anos de vida com o cantor.
"Nenhuma mulher conseguia suportar aquele inferno", disse ao CMMaria Roseta, 47 anos, pouco depois de o músico terminar o depoimento na primeira sessão de julgamento por violência doméstica e maus tratos. "E vou levar isto até ao fim, porque é tudo verdade", garantiu. Enquanto isto, o cantor gozou com a acusação do Ministério Público.
"Tive a coragem que outras mulheres antes não tiveram", diz Maria Roseta, que partilhou o mesmo tecto com Paco Bandeira entre 1997 e 2009 - há três anos, decidiu abandonar o lar, em Oeiras, e foi viver para Lisboa com a filha menor, deixando para trás os vários momentos de terror.
Humilhada à frente de outras pessoas; ameaçada de morte até com um revólver encostado à cabeça e vigiada dentro da própria casa por um sistema de videovigilância instalado em diversos compartimentos - deixou também de receber a pensão de alimentos da filha. Tem sustentado Constança, agora com 12 anos, com o seu salário de técnica superior dos serviços prisionais.
"Ele [Paco Bandeira] diz que eu quero ganhar dinheiro? Vamos então ver, a partir de agora, qual vai ser o desfecho", disse Maria Roseta, que contou com o apoio da filha, de quem nunca largou a mão, e da irmã, Maria Assunção Ferreira.
O cantor, que não cumprimentou a filha à chegada ao Tribunal de Oeiras, tem outra interpretação dos factos. "Tivemos períodos muito difíceis no tempo em que estivemos juntos, mas isto tudo de que sou acusado é uma grande mentira. Ela [Maria Roseta] quer é ganhar dinheiro" (ver peça secundária).
Paco Bandeira aceitou falar ao colectivo de juízes e desmentiu os crimes de que está acusado - violência doméstica, maus tratos sobre a filha, devassa da vida privada e posse de arma proibida. "É impossível que a Constança tenha visto um revólver dentro do carro. Ela [a arma] estava lá, mas muito bem escondida. Eu levava-a muito para o monte no Alentejo, mas era para defesa pessoal, quando ia sozinho", acrescentou ao colectivo de juízes. Na próxima sessão, a 31 de Janeiro, vão depor Maria Roseta e a filha Constança.
ELE DISSE À JUÍZA
"Eu não tinha ciúmes dela com ninguém. Isso é um pensamento delirante. E se houve insultos na relação foi da parte dela."
"Eu não sou maluco. Ela é que tem um problema na tiróide que a faz ficar nervosa. Depois aquilo passa."
"Como trabalha nas prisões e com criminosos, para ela todos os homens são cadastrados. Ela agredia-me verbalmente."
"Mesmo quando estávamos juntos dormíamos em quartos separados. Ela até me chamava porco e javardo."
"O sistema de videovigilância na casa era para proteger o piano e os quadros valiosos que tinha na sala."
ADVOGADOS DIZEM QUE VÃO REUNIR PROVAS
Os advogados de Paco Bandeira e Maria Roseta, Fernando Martins e Pedro Sobral, respectivamente, acreditam que até ao final do julgamento vão reunir provas, em ambos os lados.
"Para já, é muito precoce falar", disse Fernando Martins. Maria Roseta, recorde-se, está a pedir uma indemnização de oito mil euros pelo sofrimento durante 12 anos e que passou a envolver a filha pouco depois do seu nascimento.
PRIMEIRO POSA PARA A IMPRENSA E DEPOIS INSULTA
Dezenas de jornalistas acompanharam o início do julgamento do caso de violência doméstica em que está envolvido Paco Bandeira. Se no início tudo correu bem, com direito a fotos mesmo dentro da sala de audiências, tudo mudou quando o cantor viu que Maria Roseta estava a prestar declarações à Comunicação Social. "Vocês deviam ter vergonha do trabalho que andam a fazer", disse aos jornalistas, os mesmos a quem tinha sorrido.
"NUNCA LHE BATI, NEM SEQUER UM EMPURRÃOZINHO"
Paco Bandeira manteve-se sempre muito bem-disposto desde que entrou no Tribunal de Oeiras. Posou para os fotógrafos, deu grandes gargalhadas com as duas filhas do primeiro casamento. Contou ainda com o apoio da actual namorada, Marisa Almeida, 28 anos mais nova, e, já na sala de audiências, respondeu a todas as perguntas do colectivo de juízes, constituído por três mulheres.
Repetiu três vezes a palavra "mentira". "Esta [acusação] é a mais gravosa de todas as mentiras. É um ataque pessoal", disse, à medida que eram ouvidos os factos da acusação. Contudo, no que diz respeito ao sofrimento da filha menor, admitiu que a menina vivia assustada com os desentendimentos. "É verdade que a menina chorava com as discussões, mas eu nunca bati na mãe. Nem sequer lhe dei um empurrãozinho", acrescentou.
"Tenho a melhor das relações com a minha filha. É uma excelente aluna e ela adora as irmãs mais velhas", disse. "E se eu não estava presente nas festas de aniversário é porque tinha concertos ou estava no estrangeiro", defendeu-se. Na acusação do Ministério Público, é referido que muitas vezes o choro da criança evitou que a mãe sofresse agressões graves na cabeça com objectos, como candeeiros e cadeiras.
PORMENORES
GOZA COM AGRESSÕES
Paco Bandeira gozou com o processo em que está envolvido. A filha mais velha trazia um dos olhos tapados por causa de uma cirurgia e o cantor disse, a rir: "Dei-lhe uma grande tareia."
"COMO ME DEVO RIR"
Sarcástico para os jornalistas quando lhe pediram uma fotografia, Paco Bandeira perguntou. "E agora como me posso rir depois de tudo?".
SALA DE AUDIÊNCIAS
O cantor entrou muito sereno na sala de audiências. Foi fotografado e, quando entrou o colectivo, disse logo que queria prestar declarações.
MORTE DA EX-MULHER
Em todo o seu depoimento, o cantor nunca aceitou falar sobre a sua ex-mulher Maria Fernanda, que foi encontrada em casa com uma bala na cabeça.
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